Em 2023, um grupo de pesquisadores anunciou a descoberta de um material capaz de apresentar supercondutividade em condições de temperatura ambiente e pressão atmosférica. Mas será que essa descoberta era realmente confiável?
Quando o artigo foi publicado, ele ainda não havia passado pela revisão por pares. Mesmo assim, gerou um grande hype pela possibilidade de ser verdade. No entanto, com o tempo, diversos cientistas examinaram os resultados e contestaram a descoberta, levantando dúvidas sobre sua veracidade.
A pesquisa na área de supercondutores vem, há décadas, buscando um material que conduza eletricidade sem resistência em temperatura ambiente — ainda um verdadeiro “Santo Graal” da ciência dos materiais. Dada a enorme complexidade envolvida, é surpreendente que um material com tais propriedades tenha sido anunciado de repente, como uma descoberta quase milagrosa. Afinal, alcançar supercondutividade em temperaturas tão elevadas tem sido um dos maiores desafios para físicos do mundo todo.

Atualmente, estes são os três tipos principais de materiais supercondutores:
• LTS (Low Temperature Superconductors): operam em temperaturas próximas de 4 K, sendo resfriados com hélio líquido. Esses materiais foram os primeiros a serem descobertos e ainda são amplamente utilizados em aplicações que exigem alta eficiência, como em equipamentos de ressonância magnética.
• HTS (High Temperature Superconductors): funcionam em temperaturas acima de 77 K, resfriados com nitrogênio líquido. Apesar de serem mais acessíveis devido ao uso de nitrogênio líquido, esses materiais são quebradiços, o que dificulta sua manipulação e a fabricação de fios, limitando algumas aplicações.
• Compostos à base de hidrogênio: demonstram supercondutividade em temperatura ambiente, mas apenas sob pressões extremamente altas, na escala de gigapascais. Essa necessidade de altíssimas pressões ainda representa um grande obstáculo prático para sua utilização fora de laboratórios especializados.
Embora esses materiais ainda precisem operar em temperaturas extremamente baixas, os avanços tecnológicos ao longo dos anos, sem dúvida, permitiram seu uso em várias áreas importantes. Hoje, supercondutores são utilizados em trens de levitação magnética, onde reduzem o atrito e aumentam a eficiência energética, e em aceleradores de partículas, como os do CERN, onde são gerados campos magnéticos intensos.

No futuro, com supercondutores que operem em temperatura ambiente, seria possível distribuir energia das usinas até fábricas e residências sem nenhuma perda, o que aumentaria significativamente a eficiência na produção e no consumo de eletricidade. Esse avanço revolucionaria o setor energético, permitindo um sistema de transmissão mais sustentável e econômico. Além disso, a construção de trens de levitação magnética se tornaria mais viável e acessível, reduzindo custos e complexidade. Esse cenário abriria portas para tecnologias mais avançadas e sustentáveis, impactando positivamente áreas como transporte e infraestrutura.